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Estrela Peregrina

Sou a poesia que me habita.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

alma boba

houve um tempo
em que eu estava perdida
ou seria solta?
ou seria livre?

pensava que era e que seria
queria sonhando que era
era pensando que vivia

viajando entre espaços
começos
bobos
loucos inícios

na aventura de desejar
e ser o que não se é
mas se pode ser
o vir-a-ser

desconhecido, arrisco
guardando no coração
os valores
sigo

se-guia

até que cheguei
e aqui estando é preciso ser
o que sou
além

amadurecer
mago e sacerdotisa
ser-vir

sou

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Just because you are human

You feel empty
There comes a small bird
You take it

It satisfies you
You are happy
You don't regret it

But there comes another bird
It is blue
You wish you had the blue bird

And so you go
Being
A human being

domingo, 9 de junho de 2013

Eu?

Prisioneira de mim mesma
Do que acho que sou
Como sou

Até me sentir inadequada
Dentro de mim mesma
Me torturo arrependida das minhas ações
Questionando meus eus
Meus?

E se eu mesma não for exatamente assim?
Posso dizer que o que não agrada em mim não é meu?
Posso usar essa estratégia para afastar de mim o que já não me agrada mais?

E como fazer pra isso ir embora de fato?
Pra essa transformação acontecer?
Se minha mente segue me apontando os mesmos caminhos que não quero mais seguir?

Silenciar os pensamentos
É que dizem
Para me libertar de mim mesma

Muito fácil falar
Confesso que até fácil fazer
Por horas até
Sentada no meu tapetinho

Mas e no dia-a-dia?
Quando aquelas iscas voltam a aparecer
E meu pensamento imediato continua sendo
Morde, morde, morde

Ai...
Como reconhecer a isca antes de morder!?
Há anos que sei que minhoca morta não boia sozinha no mar
Mas continuo fisgada de novo e de novo

Mas há algo de novo?
Sim, acredito
Cada vez que vejo que mordi a isca
Algo fica mais claro dentro de mim
A certeza de que essa não é a melhor forma de conseguir comida

E respiro animada e confiante
Um dia ainda me liberto de vez
Dessas correntes de impulsos
Desses véus de crenças
E serei para sempre eu

terça-feira, 4 de junho de 2013

Lucky Star



I'm so lucky
To meet you here
To experience with you
What I most needed
Even without knowing

Blissful
To be able to feel you
To get in touch with this
Sweet and controversial
Nature of yours

I'm delighted
Overwhelmed
And still so much more
Is being offered through you

The opportunity
For being in love
Without getting lost
Of being close
Without getting attached
Of navigating passion
Without getting hurt

It's not simple
Not exactly easy
But it's definitely wonderful
In its own way

It's so strong
So delicate that
I just wanted I could
Hold you for good

But although I have the feeling
That the only thing I need
Is my hand in your hair
And my cheek in your skin

I also know that is
Just a part of the whole
Of all we've been through

For these lessons
I am grateful and I wish
I can somehow requite
By making you feel
As happy as I do

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Olho no olho

Agora vejo o meu olhar
Está além
Do que meus olhos miram
Está aquém
Dos meus olhos que vêem

É um olhar de tempos sobrepostos
É a projeção do futuro que desejo
No que não vejo
É a identificação com o passado que conheço
No que vejo

Vejo o que eu vejo quando te olho
E não é só
O que tu és
É também
O que poderias ser

Vejo o encanto de tua doçura
Enquanto nada de doce me fazes
E distinguo os planos da minha visão

Vejo que sim, te amo
Pelo que tu és
Pelo que não és

Pelo que sou

sexta-feira, 29 de março de 2013

Same pace

Ok
You are right
We don't need to go so fast
There is nothing to hurry to
We have all the time of the world

In fact
We cannot go that deep
Not right now
We can't afford it
It's too much pleasure
Too much pressure
It's not the time
Or the place to be

So, please
Accept my apologies
And have my gratetude
For I've finally learnt
To go together
In the same pace as you

quarta-feira, 20 de março de 2013

Firefly

I wonder, in vain
Where are you, on Earth
But here
With me?

Like a firefly
In the night
That I stretch to get
But only barely scratch

You vanish into the dark
In a blink of an eye
You leave me lonely, behind
Longing for a single Hi

Why? Are you scare?
Always running to nowhere
Will I ever, possibly
Be able to grasp you for me?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Cheap love

You say that love
Comes with time
That it requires
A slow climb

You say it needs
A proper atmosphere
A fertile soil to grow within
A cradle of trust to lie in
A further knowing
So to speak

Superior
Sublime
Singular
Refined

Love?

I listen to you words
But all I hear is fear
Shall I buy that
No, I don't think

Why should I wait so much
for years
For what I may
never receive

How
if you don't even know
How
it is to love for free

Nope
love for me is cheap
Asks for nothing
And gives everything

A kind of feeling
That only releases
Never add names
or boundaries

Just is
the way it is
Openly available
For all the beings

So if you want to
Come love like this
Let's only love
And be in peace

Namaste

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Valentine's Ghost

How is it possible
For an adventurer like me
To settle down
And act as if

As if it was enough
As if that was it
As if I was satisfied
And I could let it ease

How not to slip down
Move further and go deep
Why not try it all
For tomorrow we may not be

I want to set fire
Set all emotions free
I want to lose myself in you
And simply forget about me

So I'm addicted to roller coasters
For that I am always in
Can't help getting wild
For that makes me feel

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Surprise

Something that happens
Different from what I knew
A shine that blooms
Bringing me another view

I really thought that it was too early
To get in a love anew
But certainly life knows best
And I just set my mind null

I saw myself in your eyes
And they told me that was true
Beyond my fears from the past
I feel that we can make it through

Maybe you're the one and it's forever
Or perhaps I'm just playing the fool
But for the moment I only thank
The beautiful present of being with you

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Todos os lados da moeda

O que se revela a nós
Quando nos revelamos
Para o mundo
Para nós mesmos

A verdade
Nem sempre
É bela
Pura
Simples

Às vezes
É árdua
Dói
Arde

Borboletas
Lindas
E carregadas
De larvas

Brilho
Que reluz
Escamas

Luz
Que cura
Pela transformação

Na união
Dos opostos
Na aceitação
Da dualidade

Onde certo
E errado
O bem
E o mal
Coexistem

.
.
.

"No espelho do córrego bailam borboletas bêbadas de
sol." (Carlos Drummond de Andrade)


sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Sardas ardentes

Pontos pardos
Espalhados
Disformes
Perdidos
Num mar de leite
Branco
Claro
Que navego
Arredia
Sem pressa
Para encontrar
Seu ápice
Sem perceber
Que tudo
Em você
É meu clímax

O que tua ruivice sardenta tem
Que me deixa assim
Eu não sei
Mas não me canso
De procurar descobrir

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Saindo da caixa

O amor é feito de trocas
De olhares
De memórias
De seres

Que ficam porque são nossos
Por menos que queiramos
E quanto menos desejamos
Para si

Para fora nos viramos
Nos reviramos do avesso
Para superar o egoísmo
Para transcendermos a posse

Saímos da caixa
Quebramos os padrões
Para amar
E desejar a felicidade

E só

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Fogo

Eu vou e você fica

Fica aqui o meu desejo
O que pude e o que não pude realizar
O que vivi e o que não pude experimentar

Fui deixando por deixar
E já não é tempo de voltar
Levo a saudade de descobrir
Um novo mundo para mim se abrir

Uma parte de mim vai
Uma parte de mim parte
Como nunca, te desejarei
Como nunca imaginei

Iniciado não brinca com fogo
Se entrega ao seu poder
Para se transformar



sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Eixo ao vento

O que eu quero desse vento inebriante
Que me deixa zonza
De me esquecer

Porque me deixo levar nesta corrente
Rodopiando louca
Sem nem perceber

Que prazer há em não estar
Em me jogar
Em desconectar

Será que é um respiro
Um contraponto
De tanto me cobrar

É preciso perder o eixo
Pra me desprender
De tanto pensar

Se tanta força faço
Pra te esquecer
Porque simplesmente não paro
De tentar entender

Deixa estar
Sua presença fica
Sem saber, me ensina

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Super eu


já quis fazer tudo diferente
tudo melhor
tudo perfeito

instisfeita que eu era
com o que eu era
queria sempre ir além
ser além

hoje não
não quero mais nada
nada além do que é
do que eu sou

errando ou acertando
quero ser eu
genuinamente eu

para ter o que é meu

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Traduzir-me

Se a Cultura
Que me permeia
Não permite
Que eu fale
Eu mudo
Me mudo
De lugar
De língua
De cultura
Mudo
Para não ficar
Muda

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Eu te amo

Mas tenho que ir
Por favor, entenda
Procure sorrir
É tempo de partir

Estou inteira
E te deixo inteiro
Integrados estamos
Num mútuo existir

Eu te sinto ainda
Por dentro, intenso
Sei que me sente
Mas tenho que sair

A expansão aconteceu
Mas então parou
Por medo, paramos
Mas é preciso seguir

Por amor, aceite
É tempo de ser feliz
Purificar o que não queremos
Para o novo, se abrir

domingo, 26 de agosto de 2012

Teflon na aura

Bateu
Pegou
Doeu
Frustou

Coçou a aura
Mas não pegou
Deixei passar
Transmutei

Aikidozei
Desloquei
Respirei
Me livrei

Sem apego
Não é meu
Deixa rolar
Já foi pra ser

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sou

Amo
Profunda e intensamente
Visceralmente

Sonho
Sem contudos nem poréns
Mas tresloucadamente

Entrego
O que tenho e o que não tenho
Inconseqüentemente

Caio
Acordo frustada, chocada
Fragilizadamente

Reconheço
Amo, sonho, entrego, caio
Verdadeiramente

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Só o que é

Eu vou, você fica
Ancora
Quanto mais preciso aprender
Mais você me ensina

Mostra que a vida é feita de sonhos
Mas ainda mais de fatos
Atos que observamos
Quando escolhemos ver

Vejo o que se mostra sem julgar
Praticando a aceitação
Assim me lapido por dentro
Vivendo a transmutação

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Tecelagem do ser

Cada amor
Um sonho
Cada homem
Um plano

Cada olhar
Uma vida
Cada ser
Um ser

Que nasce e renasce
Refazendo a trama
Trocando a roupagem
Tecendo sua história

terça-feira, 17 de julho de 2012

Despertar

Eu prefiro estar desperta
Quando o vento da paixão me arrebatar
Quando meu olhos não quiserem nada além de te olhar
Quando meu corpo só desejar a ti se entregar

Eu escolho estar presente
Para sentir meu pelo se arrepiar
Para te sentir na minha pele
Para sonhar de acordar

Eu desejo estar alerta
Para lembrar que voce é um presente
Para que através de ti eu possa me ver
Para que te amando eu me ame em mim

domingo, 8 de julho de 2012

Dança

Tu me convidas
A esquecer o futuro
Os planos
As projeções
Deixar meu coração me guiar

Eu te convido
A esquecer o passado
Os traumas
Os erros
Deixar teu coração te guiar

Neste presente
Nos encontramos
Abertos, aceitamos
E nos entregamos

Nus, nada é dito
Apenas estamos
E dançamos
Uma música inédita

domingo, 1 de julho de 2012

Ego


Mosaico de experiências
Herança de sensações
Catalisador de energias
Apanhado de impressões

Rastro do que passei
Reflexos do que vi
Traumas que vivi
Lições que aprendi

Na encruzilhada do destino
Passei por onde escolhi
Ainda assim, me desatino
Nada que tenho pertence a mim

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Inesperadamente, eu


Na base da confiança
Finquei minha andança
Nos passos de uma criança
Que dança e se balança

Fui pulando de galho em galho
Criando raízes, aqui e ali
brotando flores, colhendo frutos e virando semente
Até voar, de pernas pro ar

Vim parar aqui, sem pensar
Foi o que escolhi, não pensar
Viver o presente e deixar
A vida livre pra me guiar

Então o passado redescobri
Meu ar adolescente, pueril
Músicas e sonhos, revivi
Em novo contexto, mais sutil

No vento, me reinvento
Sem medo sigo, é um outro momento

Mais madura, mais apurada
Não vou cair na mesma furada
Pra manter a pegada
O canal é estar conectada

Sintonizada, esqueço a preocupação
Pra minha natureza dar vazão
Pro passado, peço perdão
Pro futuro, proteção

Ampliando fronteiras, vou seguindo meu destino
Agradeço aos presentes que vou ganhando no caminho
Meu compromisso, já está estabelecido 
Vou ser feliz, está decidido

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Caso

Eu poderia me casar com você
E fazer acontecer
Aquilo que ontem desejei

Poderia me adaptar
Me conformar
Num novo gerar

Mas esse renov-ar passou
Já provei o feminino
De investir em compartilhar

Agora me reencontrei

Minha raiz aventureira
Quer o mundo desbravar

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mais além

Quero o gosto de noite na boca do novo
O olhar da lua sorrindo misteriosa
O cheiro cítrico do escuro úmido 

Quero o frescor do orvalho beijando a alvorada
Quero o sol que desperta meu caminhar

Vou me perder na floresta para encontrar outras eus
E sair maior, inteira

Vou mergulhar, vou voar
Até onde a vista não alcançar 
E só o pulsar puder me guiar

Lanço-me ao desconhecido 
Levando apenas um bem na bagagem
A vontade de ir além

domingo, 1 de abril de 2012

Transição

Acostumei 
a te ver nos meus olhos
A te sentir na minha boca
A te ter nos meus braços

Eu abro mão do passado
Eu abro mão do apego
Eu abro mão de querer
Eu abro mão do medo

Eu aceito o novo
Eu aceito a realidade
Eu aceito o diferente
Eu aceito a Sua vontade

Aprendo 
A olhar mais alto
A sentir mais profundo
E a abraçar mais amplo

terça-feira, 27 de março de 2012

Flor que brota fruto

Pinga, molha 
Vaza, transborda 
Sou banhada por essa emoção 
Que me despetala o coração 

Menino, homem 
Forte, frágil 
Tanto aprendi com você 
E tanto me ensinou 

Com você vivi meus maiores sonhos 
E enfrentei meus maiores medos 
Salto que dei em direção a mim mesma 
Semente de um auto-conhecimento tão profundo 

Tudo como você sentia 
Tudo como me dizia 
Tudo como aprendi a ouvir 
Tudo como aprendi a sentir 

Tudo exatamente o que tinha que ser 
Estava certa sua percepção 
Personificação da minha transformação 

Me entreguei de corpo e alma a tudo 
Que queria e que não queria 
Até abandonar o querer 
Para realmente ser 
A existência 

Alma virada do avesso 
Me perdi completamente 
Até que só restava 
Me encontrar 
E me ver 

Hoje sou outra 
Muito mais serena 
Não porque o mar está calmo 
Mas porque aprendi a navegar na tempestade 

Muitas vezes, sem saber 
Você me conduziu à verdade 
Apenas por viver sempre na verdade 

Agradeço por você ter sempre sido 
Simplesmente e precisamente 
Somente e tudo o que você é 
Flor que faz brotar frutos 

Alavanca desta luz 
Manifestação do presente 
Sou infinitamente grata 
E retribuo com meu amor eterno e incondicional 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Como

Como você poderia me conhecer
Se nem eu me conhecia
Se minhas ações se transvestiam de ideais
E minhas falas se perdiam nas intenções

Como você poderia me ver
Se o que mais havia entre
Eram nuvens de desejos

E eu, como te saberia
Se tudo que entendia
Era o que de belo cabia nos meus sonhos
E o que não fosse
Era perdoado e esquecido

Agora já não
Foi-se o véu da imaginação
Brota a imagem da visão

Do que é verdadeiro
Não porque quero
Nem porque é belo
Sem julgamento
Nem culpados
Só o que é
Simples e real

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Louca de coração

Mais um salto 
Mais um vôo
Mais um sonho
Mais um tombo

No chão 
Estabacada
Começo a sofrer 
Mas por quê?

Por que se arrepender 
se foi tudo tão bom?

Por que me conformar,
Negar minha loucura?

Se fui
Sou
Serei
Sempre
Eu

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

De partidas e inteirezas

No meio de uma floresta, muito muito longe de qualquer cidade, vivia uma comunidade de pássaros. Eram muitos, de todos os tipos e idades, cada um com as suas cores e os seus cantos. 

Lá, no meio de uma árvore bem alta, vivia uma coruja de olhos estrelados.  Muito séria e muito sabida, ela ficava muito tempo quieta, até que chegava alguém para conversar com ela. Daí, ela falava. E muito. Principalmente quando lhe faziam perguntas.  Ah, a Coruja fazia longas palestras, detalhadas, sobre tudo o que sabia. E sobre o que não sabia, se arriscava. Porque, pensava ela, antes uma pássara sabida, adivinhando, do que um tolo qualquer, inventando. 

A casa da Coruja era muito especial. Uma bela fenda que a Fortuna tinha tratado de fazer em uma das árvores mais frondosas da floresta. Toda decorada e arrumada a seu gosto, tinha bastante espaço e conforto para si e para suas visitas, que não eram poucas. A Coruja era mesmo muito querida e respeitada. Vivia só, por escolha, porque gostava de poder escolher o silêncio quando quisesse. Mas, sentia que aquilo não era tudo, que a vida esperava um pouquinho mais dela.  Um companheiro, quem sabe, poderia ajudar a Coruja a ir um pouquinho mais longe. Ou melhor, mais fundo.

É, e a Coruja conhecia muitos pássaros. Muitos interessantes e muitos interessados. Mas a coincidência de interesses não acontecia facilmente. Então, a Coruja esperava, paciente e contente com sua vida. Estava certa de que o que fosse para acontecer, aconteceria na hora certa. 

E foi numa virada de ano. Muitos amigos pássaros estavam reunidos, a maioria, velhos conhecidos. Um passarinho Curió em especial, muito atraente e talentoso insistia em chamar sua atenção. A Coruja retribuía, atenciosa, mas achava que daquilo nada mais se daria. Até que uma certa hora, quase no fim das festas, o passarinho se achegou numa conversa da Coruja com um casal de amigos, o Tucano e a Beija-flor, e perguntou para eles: Ei, me diga aí, como é que vocês se beijam? Nem me perguntem o porquê, mas aquilo mexeu com a Coruja. A respiração parou, o coração disparou enquanto suas bochechas vermelhas entregavam a situação... Sabe lá Deus que foi que houve, mas a Coruja começou a olhar aquele Curió com outros olhos. 

Além da beleza e talentos evidentes, a Coruja foi notando que o Curió era pássaro bom, de coração nobre. Seu olhar curioso vinha de uma ingenuidade genuína, que já passava da hora de tê-la perdido, mas que a Providência permitiu que a conservasse, quem sabe para a vida inteira. Curió era também muito íntegro e trabalhador. Gostava de estar junto, ajudando. E do seu olhar observador, presente, brotava uma graça, de fazer os outros pássaros rirem e sorrirem. A Coruja foi gostando mesmo do Curió e Curió foi gostando mais da coruja. 

Curió continuou se aproximando e a Coruja foi deixando ele chegar cada vez mais perto. Curió já vivia mais com a Coruja do que em qualquer outro lugar, quando resolveu de mudar de vez para junto da Coruja. Não que Curió e Coruja fosse assim casal muito comum, mas vai entender os mistérios desta vida. 

A Coruja, feliz que era de viver só, foi se acostumando aos poucos com o novo presente. O passarinho era alegre e a Coruja foi gostando cada vez mais de morar com ele. Mas Curió é pássaro de voar solto e disso a Coruja não sabia. De coração tão verdadeiro e fiel, a Coruja achou que o Curió queria mais era sossegar-se por lá. Qual o quê?!? Curió é pássaro que não tem dono. Pode até ter uma só pousada, mas não pode prometer nada. É pássaro desprendido.

Nem Curió sabia direito o que incomodava, quando as coisas começaram a ficar estranhas. A inquietude foi crescendo no peito dos dois. Curió queria sair, mas gostava da Coruja. A Coruja queria que o Curió ficasse, mas amava demais a Liberdade para prendê-lo.

De tanto um querer manter o que o outro quer mudar, a coisa explodiu e Curió falou: eu vou. E foi de saída. Mas, chegando na porta, parou. Virou e olhou para a Coruja, parada, paralisada. A Coruja fechou os olhos, respirou e aceitou. Abrindo os olhos, ergueu a asa direita e acenou um tchau curto. Curió voou. Coruja foi até a janela para ver o vôo bonito do Curió. 

... e lá do alto, a Coruja de olhos estrelados falou: "vai, Curió, voa, que esse céu é seu, vai buscar as luzes que colorem a sua alma. E, quando assim desejar, volte, passarinho, para se nutrir da sua própria fonte, que este ninho também é seu". 

E Curió entendeu que podia ir, sem partir. E foi. E voltou. Livre. Inteiro.  

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Dúvidas que sei

Todo dia eu amanheço 
Um novo dia dentro de mim 
Novos olhos
Para velhas questões
Novos encontros 
Com velhas opiniões 

Sigo assim
Misturando o que vejo
Com o que sinto
O que desejo 
Com o que nem percebo

Para chegar ao fim
Do novo dia em si
Com novas formas de ser
E muito mais para descobrir

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

João do Rio

João cuidava do rio 
Era só o que fazia, por anos a fio 
Sua única meta e vocação 

Seu movimento, ele observava 
Sua trajetória, ele então planejava 
Para seu curso corrigir 

A corrente era orientada 
Para que as margens fossem banhadas 
Plantas e peixes, alimentados 

Se muito chovia 
A terra, João movia 
Para que a água não se excedesse 

Quando o sol escaldava 
Coberturas, João arranjava 
Para que a água não se evaporasse 

Fazia isso, João, desde menino 
Dia a dia, cumpria este destino 
Só do rio se ocupava 

Até que um dia, muita chuva se deu 
João resistiu, mas então cedeu 
Caiu no Rio e se rendeu 

Sua presença, a água convocou 
Sua consciência, reorientou 
De fora, para dentro 

A torrente o embalou 
E João se entregou 
Sem pensar se deixou 

Enquanto esvaziava, recebia 
O que até então não percebia 
Foi fazendo sua travessia 

Quanto mais se diminuía 
Mais longe alcançava 
O Supremo vivenciava 

A chuva agora cadenciava 
E joão já realizava 
Sua existência limitada 

O Fluxo ele não comandava 
Apenas sem saber, navegava 
Numa Sabedoria há tempos instaurada 

Sua mente utilitária 
Era só peça secundária 
Naquela confluência de devoção 

Na labuta diária de joão 
Seu querer pouco importava 
O Rio ele não controlava 

Por sua lealdade comprovada 
Sua função subiu uma oitava 
E tornou-se do Rio um guardião 

Percebeu, então, que essa guarda 
Era só o que fazia, mesmo enquanto se enganava 
Pois era sempre o Rio que de joão cuidava 

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Eis

de pensar
que eu sabia
perdi
o pulso das coisas
desandei
fritei
desaguei

procurei
me reencontrar
o centro
o eixo
procurei
na chama
me encontrei
e roguei

esvaziei
para respirar
respirei
para não pirar
deixei
aceitei
não sei

fora não mudou
aqui sim
o controle
larguei
me entreguei

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vai e volta

Pé no chão
Fico onde estou
Sem pirar
Sem deslumbrar
Sem exagerar

Olho para trás e reconheço
Empolgação
Que traz elucubração 
Fantasia
Fantasio
Transvestindo as situações 
Distorcendo as circunstâncias 
Esqueço o que é 
Viajo no vir a ser

Mas isso não dura
Falta chão na ilusão 
Perdida, sufoco 
E procuro a volta
Para o centro
Para o presente

A meu presente
Agradeço
Pela presença 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Buda

E se todo dia me perguntassem?
Todo dia responderia

Pois todo dia brilham duas estrelas
Por sobre o castanho profundo dos meus olhos
Por te ver mesmo quando em pessoa não estás

Porque presente tu és e sempre serás
Para mim e para o mundo

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Biruta

Amor louco-vento
Envolvente, me leva e me traz
Homem força-centro
Em suas tramas, eu acredito na paz

Promete que voaremos pelo mundo
Eu no manche, ele ao lado
Assistindo, como se um filme eu fosse
Sem me pedir nada além de que eu ficasse
Sempre perto, ao alcance do seu olho

Mas seu coração não conseguiu acreditar
Em outro porto resolveu ancorar
Escolheu não mais me olhar
Um querer absorto me deixar

segunda-feira, 20 de junho de 2011

peixe virado touro

como há de se entender
um ser de tanto querer
sem sequer perceber
em gelo se verter

é de muito se estranhar
alguém que vivia no mar
de sentir e desejar
de repente oco ficar

coisa que não é daqui
efeito dos astros, ouvi
lua em peixes, nasci
mas roupa de touro, vesti

por Deus que não é para sempre
há de ser este ano somente
tanto frio assim não é de gente
mas há de ser bom para a mente

segunda-feira, 13 de junho de 2011

lá e cá

a onda vem de sopetão
e sem cerimônia
joga tudo no turbilhão

firmeza para se segurar
sacode pra lá e pra cá
testando o suportar

foco para resolver a confusão
lembrar do que tem valor
sair da falsa solidão

compaixão pelo próximo
confiança nos sonhos
abertura para as bênçãos

o desconforto vai passando
o amor se apropriando
dos espaços que são abertos

descontração e alegria
intimidade e união
risadas e olhares a florir

pausa para o externo
momento de consultas
novas energias e distrações

aparece um novo olhar
uma cobrança para acelerar
a desaceleração, que está em seu lugar

ferem acordes dissonantes
imposição perfurando a aceitação
desarmonia em profusão

mental e verbo instaurados
coração ensurdecido, apertado
já não há compreensão

de dentro emerge a pacificação
brota do olho a água salgada
trazendo a percepção

o novo vem surgindo
naturalmente, sem pressão
genuíno fluxo contínuo

respeito e reconhecimento
acolhendo os presentes
que nutrem a transformação

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Fluxo

Medo que passa com um aperto
É de rasgar o peito
Abrir espaço pra caber 

Sussurra alto e eu não ouço
Pensa, meu amor, e eu sei
Adivinha sou do teu querer

Precisa, pra fazer o simples
Só o que deve ser feito
Pra nunca ser quase o ter

Respira, pra não dar uma de louco
Quem tem muito não pode querer pouco 
É trabalho com prazer

Fala que só alimenta a minha tara
Desconheço essa calma
Vinda do desaguar do seu ser 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Meu presente

é verdade
tá tudo aí
não guardo nada
pois nada é meu

minha vida inteira?
eu não tenho
tudo o que vivi?
não é meu

só este instante
este momento
esta escolha
me pertence

tudo o que tenho
só o que é meu
é o maior presente
que posso te dar

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Chão estrelado

Porque desejo a paz 
Amor profundo 
Me banho em suas águas 
Nem calmas nem agitadas 
Abundância clara 
Delícia de viver 
Prazer de ser 
Criança novidadeira 
De alma aventureira 

Porque me reconheço 
Cada dia mais quem sou 
Conhecendo a essência 
Vejo que tem aqui 
Muito mais do que pensava 
Vou desfazendo a montaria 
Armação antiga 
Que já não serve mais 

Porque se forma algo novo 
Com gosto de suspiro 
De expiração e inspiração 
De troca na harmonia 
De chão estrelado 
De céu enluarado 
De noite de cantoria 
De manhã de maravilha 
De flores que brotam frutos 

quinta-feira, 28 de abril de 2011

dois a dois

planos em riste
tu fugiste
eu fiquei triste

repensei
hesitei
eu lá sei?

tu estremeceste
te enfraqueceste
e a mim recorreste

eu te acolhi
a ti me abri
conquistamos o bi

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Minha lição de coração

Tanto te quis
Que tive que aprender 
A não te ter

E sem ti
É que de fato aprendi
A amar

Amor incondicional 
Sem desejos nem anseios
Só o que é

Abundância 
Que transborda
Em plenitude do ser

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Canal

O que é que significa 
Esse amor que te sinto
Puro de admiração
Ego largado no chão
Te sigo com os olhos 
Pois com o corpo não me deixas

Deixa estar
Já não posso compreender
Se o que quero não pode ser
E o que é não posso ter

Por vezes é preciso
Apenas abrir espaço
Para que o ser se manifeste
Dentro da real existência 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Metade

Há um não sei o que 
de não sei onde 
que me falta

Quando você chega
E não é
Exatamente aquilo
Que esperava

Desejo, amor, sonho 
Com história
Parece real
Sinto assim
Mas não é

Ou quase
Voce vem 
Pela metade

Aconteceu

E você veio
E eu estranhei
Novamente viajei

Sonhei além
Não vivi o que era
Pois você lá não estava
Tudo aquilo, era o que esperava

Na realidade, não foi como no sonho
Um outro plano
Lá, amor profundo
Aqui, amigo fecundo 

quinta-feira, 31 de março de 2011

Acontece

Você vem à noite, tem hora marcada, 
Meia-noite inteira é assim que vai ser 
Eu em você, você em mim 
Nossas vidas num novo alvorecer 

Realidade viva, tempo presente 
Esta semente vamos cultivar 
Só nosso é, a ninguém mais pertence 
Este segredo vamos guardar 

Sem promessas, experimentando o silêncio 
Do princípio, vamos nos reconhecer 
Sem planos, nem controle 
Abrindo espaço pra esse amor florescer 

Nutrindo o ser, nos tornando inteiros 
Sem ilusões, nós vamos navegar 
Olhando para dentro, olhando para fora 
Da consciência um novo despertar 

quarta-feira, 23 de março de 2011

Nova-mente

O vazio... Novamente, vem me chamar
Espaço já tão explorado
Mas ainda tão desconhecido
Resisto, mas não posso evitar

Aqui vou eu
Nessa aventura etérea
Sem fazer a menor idéia
Do que foi que aconteceu

Foi meu coração quem quis
Apertou a intuição
Contra o sentido da razão
Eu, confiante, obedeci

Lá vou eu
Sem saber o que me espera
Abrindo mão de uma linda paquera
Para receber o que é meu

sexta-feira, 18 de março de 2011

2012

E se fosse agora
O fim desta Era
E se nesta hora
Nada fosse mais o que era?

Com quem eu estaria
Quem eu sentiria
A quem me agarraria
No final dos meus dias?

De certo, te desejaria
A saudade me tomaria
Tanto sonho reprimido
Voltaria num estampido

Mas disso não passaria
Eu não mais te escolheria
Teu lugar eu desconheço
Aqui vivo um recomeço

Aconchegaria meu nariz
Nesta luz que me quis
Neste coração aprendiz
Cujo amor já cria raiz

quarta-feira, 16 de março de 2011

Nova LUZ

Luz que chegou presente
Se colocando imediatamente 
No canal que estava se fechando
Passou pelo Portal comemorando

Tão diferente e tão igual
Tão novo e tão real
Com tanto que se é
Com tanto que quer vir

Compartilho de seus sonhos
Seus desejos e suas dúvidas
Seus anseios e suas lutas
Suas descobertas e suas curas

Vivo como nunca vivi
Uma história daqui
Sem promessas nem ilusões
Sem expectativas nem frustrações

Gosto de ser
o que se quer
Gosto de você 
como você é

terça-feira, 15 de março de 2011

Vazio

Breu em branco
Nada que é tudo
Quietude atemporal

Berço da fertilidade
Terra da criatividade
Universo das possibilidades

Argila do destino
Matéria da fortuna
Palco do acaso

Zero à esquerda
Início e fim
Espaço a ser

Descanso do ser
Pausa da transformação 
Forma a forma

quinta-feira, 10 de março de 2011

Morte e Vida Peregrina 

Amar muito pode doer 
Quando não se é correspondido
Todo aquele desejo de acontecer
Se mostrar um sonho perdido

Com muita força, acreditei 
Se não, nem dava pra começar
De corpo e alma me entreguei
E quis viver só de amar

Nem tudo era perfeito
Tínhamos momentos estranhos
Mas acaso algo foi feito
Pronto no ser humano?

Já o bom era uma maravilha
Uma enorme admiração 
O que um queria o outro tinha
Uma troca de pura benção

E íamos vivendo
Tijolinho por tijolinho  
Construindo e fortalecendo
Nosso querido castelinho

Mas então como num susto
Um vento entrou atravessado
O que me pediu era muito
Que deixasse tudo no passado

Quis fingir que não entendia 
Mas estava tudo bem explicado
Olho no olho, sem fantasia
Ele não podia continuar ao meu lado

O que fazer, me desesperei
Como abrir mão de tanta felicidade?
Chorei muito e então rezei
Pedi que fosse feita a Sua vontade

Parece que assim se deu
Pois nos despedimos com amor
Cientes de que tudo que floresceu
Não podia partir deixando dor

Topada

Chocada
Tropecei e caí de cara
Sem esperar que ia ser assim

Inconformada
Como pode algo tão bom
Também ser tão ruim

Machucada
Dói muito tentar tirar
Você de dentro de mim

Passada
Preciso aceitar
Que chegou o nosso fim

quinta-feira, 3 de março de 2011

Ancorando

★ ♥ ★

Como é bom deixar
O que não foi
Nem ontem nem amanhã
E viver o que é 
Como é
Na medida 

Do de dentro e do de fora
Reconhecer 
Quem ama e quem gera
De onde vem 
Pra onde vai

Me permitir sentir
E não expressar
Curtir o que é meu 
Deixar ficar 
Aqui dentro
Aquecendo
Gostosinho

Não é que não seja
Seu também
O meu amor
Só não é preciso explodir
É possível ancorar
E desaguar
Para dentro do mar
Do mais íntimo em mim

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Girassol

Belo, leve, brilha e gira
Busca a luz onde há
É pleno e não pira

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mais

É mais que um olhar
É mais que um carinho
É mais que um beijo
É mais

Não basta afagar
Não basta agradar
Não basta mimar
Não basta

Há sempre uma sombra
Uma semente de tempestade
Um fio de ilusão
Sempre há

É preciso mais
Paciência para ouvir
Mais tempo para respirar
É preciso

Ir mais além
A agressividade, invalidar
Dor em amor, transmutar
Ser mais além

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Lua

Atmosfera etérea
Sensações densas
Estranheza no ar
Espaço de divagar

Se uma hora, cheia
A paixão é explosão
Se outra hora, esvazia
É breu em suspensão

De fase em fase, vou passando
Fortalecendo o tônus
Expandindo, com a alegria
E com a tristeza, ganhando bônus

Abandono a razão, sem temor
É tanto amor que até arde
Queima por dentro e ao redor
Tudo em um instante parte

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Tudo

Você é tudo
Um pouco de todos
Um pouco familiar
E muito incomum

Agora entendi
Porque eu sempre quis
Mas nunca consegui
Ser de verdade feliz

O amor não é ânsia
Não é vazio
É real perseverança
Domando o arredio

Luneta mágica, multicolorida
Passeio por muitos lugares
Ora desconheço, ora sou reconhecida
Renovo meu peito com novos ares

Sigo em frente
Cada vez mais surpresa
Vivendo só o presente
Realizando-me princesa

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Hora

Muito tempo de espera, nesse encontro
Oscilando, aprendendo, para cima e para baixo
Aceitando o silêncio, pois nele me acho
Respeitando o conflito, pois meu espelho é o outro

Surgiu, foi assim, um amor broto
Brotou assim como água de riacho
Revelou-se então um baita facho
Então meu medo teria o antídoto

E tudo tem sua hora, assim como seu tempo
E de nada adianta tentar adivinhar
É deixar e aceitar o verdadeiro momento

É preciso deixar o coração serenar
Entre o plantar e o colher, tem o amadurecimento
Esperar que se achegue tudo no seu lugar

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Lampião e Maria Bonita

Você já é o meu presente
Ainda que eu tenha que esperar
Creio que já é evidente
O que será quando te desembrulhar

O coração descompassa, improvisa
Bate forte de paixão
Só uma intuição muito precisa
Pra amenizar essa incubação

Cada dia de saudade
Sinto um querer amadurecendo
Vai crescendo a felicidade
E mais gostoso vai sendo

O céu é azul, percebo agora
Sereno e seguro, acolhedor
Acredito mais a cada hora
Que encontrei o meu amor

Mas sentir tanta falta, não aconselho
Ás vezes, falta até o ar
O azul tinge-se de vermelho
Conto as horas para essa espera acabar

Aperta daqui, você resmunga daí
A distância cobra seu preço
A gente se segura pra não cair
Pra não se perder em um tropeço

Ai, se eu pudesse com minha mão
Todas as estrelas tocar
Apanharia ao menos uma do trilhão
Para sempre lhe acompanhar

Enfim, é noite de lua
Vou me embora ver meu benzinho
Me chama que sou sua
Pra gente se amar devagarinho

É agora, um outro tempo
De pensar com o coração
De sentir por dentro
Deixar fluir a emoção

A vida nos põe em prova
Pra testar nossa vontade
Mas, desistir? Uma ova!
Eu quero você de verdade

Transformando os tijolinhos
De vontade, em realidade
A gente segue, pequenininhos
Encontrando nossa felicidade

Por isso, agora prevejo
Que nossa união será firme e feliz
Porque além do que desejo
É o destino que me diz

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Cordel

Porque és como o mar
Porque sou como o céu
Para te encantar
Faço a ti esse cordel

Ó, menino faceiro
Passarinho azulão
Mesmo tão aventureiro
Fez casa em meu coração

Como céu que sou
Dou-te o mundo para voar
És o pássaro que me libertou
Para eu viver só de amar

Eu, estrela pequenina
Tu, o mar que me reflete
Tão feliz que nem se imagina
Jorro luz que nem confete

sábado, 15 de janeiro de 2011

Aconteceu

De eu nadar num poço estrelado
Em um lugar abençoado
Com um menino iluminado
Que queria ser meu namorado

Mas ele era muito novinho
Ainda faltava um longo caminho
Para aquele homem-passarinho
Se aconchegar nesse ninho

Foi passando o tempo
Às vezes, rápido, às vezes, lento
Humildemente, a gente ia vivendo
O que pedia o momento

Até que um dia, a gente se reviu
Em um outro cenário mágico e sutil
Um amadurecimento sincero serviu
Para eu abandonar aquela visão infantil

E, então, amanheceu
Uma pergunta a uns amigos ele verteu
E, sem graça, me ocorreu
Que aquele homem poderia ser meu

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Abismo

Por não mais suportar
Nosso dia esperar
Viver só no ar
Pulei

Para com a ilusão acabar
A verdade encarar
Poder me entregar
Arrisquei

Pois contigo era fantasia
Ser feliz assim não podia
A fábula não me satisfazia
Terminei

Porque ser sozinha não está com nada
O que eu quero é amar e ser amada
E que meu medo se vá com uma risada
Renascerei

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

MorteVida

Pulei
Lancei-me ao desconhecido
Larguei-te no topo do edifício
Castelo de ilusões, feito de idealizações

Navegando no meu ser, encontro
Perguntas curiosas
Respostas questionáveis
Descubro o novo

Posso flutuar, voar ou me esborrachar
Mas não volto
Não há volta
A ponte está queimada

Wow

Wow, after I jumped it occurred to me, life is perfect, life is the best.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010


eu penso
cadê o quê
que me faz sofrer?


percebo
o que foi já era
e o que vem
virá


entendo
se o que sinto
estranho
o novo já está

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

timing

no
don’t look in my eyes
nobody can hold the pressure I do

please
don’t try to understand
how it feels like to be the way I am

go
live truly your whole life
be happy as much as you can

but
if I won't be able to be forgotten
you will be able to stop
and wait for me to be ready for you

terça-feira, 9 de novembro de 2010

enxaqueca

Frágil corpo
Não me obedece
Delicada estrutura
Minha cabeça padece

Aparelho precário
Não expõe minha herança
Impõe restrições
Nesta vida, mudanças

Imperador, já não sou
Agora menos quer dizer mais
O remédio é caber em mim
Só a modéstia satisfaz

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

suspiro

às vezes, uma simples pausa
faz uma poesia

permeada pelo lirismo
da inspiração

domingo, 17 de outubro de 2010

Caixa de jóias

Ela ficou guardada por muito tempo
Em um triste repouso
Guardava um tesouro
Escondia um tormento

Quem a via não ouvia seu lamento
Só, (Sub)existia num esquecido recanto
Sobrevivia calada, contendo seu pranto
Não podia ser expresso, tanto sentimento

Até que um dia, depois de muito empenho
Ela emergiu e mostrou-se nua
Plena, em seu brilho abundante

Tinha muitas jóias, de vários desenhos
Que irradiavam Luz tal qual a Lua
E revelavam, enfim, seu essencial diamante

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

balança

a dor cega
o sofrimento nega
o prazer se apaga
a felicidade se acaba

o tempo passa
a razão se acha
o prato do amor
pesa mais do que o do rancor

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Toc toc toc

– Quem é?
– Eu.
– De novo?
– Sim.
– Mas você não tinha ido embora?
– Fui, mas voltei. Como sempre, né?
– Mas dessa vez poderia ter sido para sempre...
– Nossa! Por quê?
– Porque eu cansei... Uma hora cansa, né?
– Cansou de mim? Mas o que você sentia não era amor?
– Era... E é. A questão agora é o que eu sinto por mim. Cansei de sofrer por amor.
– Entendo. Claro... Você sabe que eu sempre quis seu bem. Que te admiro muito.
– Eu sei. Por isso que é tão difícil eu te esquecer. Seria mais fácil se a gente brigasse... Se a gente não se entendesse...
– Mas é pela nossa afinidade que a gente está há tanto tempo nessa, né? Quantos anos mesmo?
– Nove anos...
– Pois é. E você quer acabar com tudo assim? Quer me esquecer para sempre? Você acha que a gente consegue se acostumar a viver sem isso?
– Acho que vai ser melhor assim... Mais leve.
– Hum... Não está parecendo mais leve para mim...
– Agora não, mas vai ficar. Com o tempo...
– Pode ser...
– Sinto muito por te pedir de volta algo tão precioso.
– É... Não posso dizer que é uma surpresa, mas a gente nunca espera que alguém queira deixar de amar a gente.
– Não é fácil para mim também. Mas é preciso.
– Eu sei. Eu entendo. Você sabe...
– Sim. Sempre soubemos. E sempre saberemos.
– Me desculpe por ter te feito sofrer.
– Não se preocupe. Amar é uma escolha, mais inconsciente do que consciente, mas ainda assim uma escolha.
– Como você pode ser tão sensível e tão racional ao mesmo tempo?
– Não sei. É natural. Mas é muito difícil.
– Você vai fazer falta na minha vida.
– Você também.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Carta a um amigo distante no tempo

Como numa viagem galáctica
num passe de mágica
um presente ganhei

Sob o sol de uma tarde
no banco do parque
um sonho realizei

Conheci um irmão
de mesmo puro coração
em cuja presença sempre confiei

De uma verdade cortante
saiu de um silêncio angustiante
o que nunca imaginei

Uma paixão profunda
uma admiração fecunda
que sem saber despertei

Surpresa com compreensão
cumplicidade e compaixão
toda a história captei

Um amor genuíno
de um sonhador menino
um igual que encontrei

Distante apenas no tempo
mas anos e não só um momento
tranquilamente aceitei

Ficou uma felicidade grande
esse encontro de viajantes
é algo que nunca esquecerei

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Em algum lugar

Houve um cavaleiro
de coração verdadeiro
filho do humilde ferreiro
que plantava sonhos no terreiro

Houve uma guerreira
que de nada era prisioneira
em tudo era inteira
de fato, uma aventureira

Houve um amor
de início, um pequeno ardor
que resistiu ao frio e à dor
e presenteou-os com seu eterno calor

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

deslize

é um segundo
é um nada
é uma batida
que no peito falta

um vento
um calafrio
um vácuo
no corpo arredio

uma sensação
uma lembrança
uma querência
de um amor que não cansa

é um espasmo
é um suspiro
é uma distração
e de mim me retiro

sábado, 18 de setembro de 2010

agora

o sabor mais gostoso
do néctar mais precioso
o aroma mais cheiroso
do lírio mais vistoso

correndo livre nos campos
ao encontro de mil abraços
voando nos sonhos mais altos
nos meus mundos ampliados

uma nova vida a começar
dos velhos erros me livrar
só querer comemorar
o presente de aqui estar

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Querência

Por mares e ares
Por vales e morros
Por desertos e florestas
Por ti procurei

Com medo e coragem
Com anjos e fantasmas
Com receio e certeza
Com tua existência contei

Na alegria e sofrimento
Na angústia e tranquilidade
Na firmeza e hesitação
Na tua presença acreditei

Em silêncio e berrando
Em desespero e calmamente
Em conexão e perdida
Em ti me encontrei

sábado, 11 de setembro de 2010

NOAR

Ilhas suspensas
Flutuam nos mares
Do meu ser

Pairam
E me perguntam:
Que queres?
Que és?

Busco minhas respostas
Entre lá e cá
O que vi e o que virá
O que vivi e o que sonho encontrar

terça-feira, 10 de agosto de 2010

CURA

perfura
armadura
costura
abertura

procura
aventura
jura
ternura

apura
bravura
mistura
doçura

depura
postura
assegura
fartura

inaugura
pintura
perdura
formosura

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Bicicleta

Cada volta
da minha bicicleta
é uma flecha
que eu lanço
e que não volta

Eu não volto

Sigo
nesse caminho
que se faz
a cada passo

terça-feira, 27 de julho de 2010

ilusão

sonhos, passeios alados
príncipes encantados
sapos enfeitiçados
castelos dourados

magia da imaginação
confunde meu coração
turva minha percepção
perigosa diversão

como aceitar a verdade?
ficar na realidade?
controlar a minha vontade?
sem alimentar a vaidade?

com firmeza no pensamento
presença no momento
encontrando divertimento
no suave soprar do tempo

sábado, 17 de julho de 2010

por fim

fim
acabou
não vou mais suspirar
não vou mais esperar
por um dia, enfim

sim
passou
a cegueira idealista
a bobeira alienista
resolvi partir, assim

fim
esvazio
renuncio ao desejo
dispenso o teu beijo
liberto-me de ti

sim
vadio
busco outra perspectiva
fugindo da expectativa
sem pensar, serei feliz

domingo, 4 de julho de 2010

Voltei

Voltei
Para aqui estar
Para aqui firmar

A beleza que há na Terra
Vem de tudo que Deus nos dá
Para viver em alegria
A chave é tudo perdoar

Uma só não sou mais
Agora tenho a consciência
Sou muitas e muito mais
Reconheci minha experiência

Para suportar o que virá
Um compromisso eu firmei
De permanecer nesse caminho
À rebeldia renunciei

No amor e na luz
Para sempre eu vou estar
Ancorando a Nova Era
Com Gaia me transformar

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Fui

eu vou
e não volto mais

não o que eu sou
não o que era

só virá
o que será

terça-feira, 22 de junho de 2010

Poder ser

impossível não te amar
mais que tudo eu hei de estar
contigo em pensamento
seja qual for o momento

mas pode ser de acontecer
na minha vida aparecer
um outro aprendiz
para me fazer feliz

se for assim, entenderei
o que pude eu tentei
meu destino eu aceito
o que vier será por direito

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sapo

Nos contos de fada
Eu me sentia encantada
Com o príncipe em sua cavalgada
Ao encontro de sua amada

Mas voltando à realidade
A minha identidade
Sentia mais afinidade
Com o sapo em sua variedade

Isso muito me confundia
Seria minha rebeldia
Rejeitando a alegria
E atraindo porcaria?

Até que então eu entendi
Não há perfeição aqui
O homem solteiro é assim
Precisa da princesa para ter o plim

Pois na vida, de fato
Não existe príncipe encantado
O herói é um simples sapo
Pedindo para ser amado

terça-feira, 15 de junho de 2010

Véus

Meu coração dividido
te chama de amigo
mas quer seu amor

Na batida do tempo
misturo o que lembro
com o que começou

Se te peço que fique
é porque não me disse
onde foi que parou

Se te confundo com outro
é porque me escondo
em um novo calor

Se finjo que te esqueço
é só porque tenho medo
de sofrer nova dor

sábado, 12 de junho de 2010

Ressoante

Ele vem e me toma de assalto
Dissolve o que era
Afasta o que estava

No seu lugar
Só cabe ele
Os outros vão

Persiste essa nota
Hora grave, hora aguda
Repercussão que se renova

terça-feira, 8 de junho de 2010

Con-ti-nu-o

Na sala de espelhos
Onde olho, ele está
Não tem como escapar

Entre idas e vindas
Luz e sombras
Nosso traçado se faz

Um contínuo disforme
Em que não se separa
O que sou do que ele será

No turbilhão
Parar não há
Sonho em acordar

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mu-dança

DANÇA
E me BALANÇA
Cavaleiro errante
Dom Quixote de la mancha

Na capoeira, não joga
Transborda alegria
Baila, solto na roda
Sua luz irradia

LEVE
VOCÊ ME FAZ BEM
SEMPRE CALMO
É ASSIM QUE VOCÊ VEM

Bruto
Mas não te julgo
Confio
Sei que está no caminho

Rebelde
Questiona minha mente
Autêntico
Me faz ser diferente

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Endereço

Não tem razão
Não tem explicação
Apenas te amo
Incondicionalmente

Sem expectativa
Sem idealização
De você só desejo
Que seja presente

Como as ondas do mar
Como a estrela que brilha
Meu amor pulsa
Incessantemente

Não importa o que fez
Ou deixou de fazer
O que você é
Ou ainda vai ser

Como um mensageiro
Entrego o que sinto
Consciente de que toda correspondência
Tem seu devido destino

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Real

ser princesa é
antes de tudo
se amar, se cuidar e se valorizar

de verdade, todas as mulheres nascem princesas
mas a gente vai perdendo a consciência disso com o tempo
à medida que a gente vai se acostumando com o sofrimento

para me proteger, criei uma carapaça
proteção ostensiva que tudo afastava
e me machucava mais que me guardava
com medo de tudo, me mantinha fechada

até que agora decidi me abrir
aceitar as bençãos e os presentes da vida
resgatar minha realeza e minha riqueza
que sempre estiveram aqui, esperando por mim

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Toque

Não dá mais pra dar brecha.
Deu mole? O bicho pega!
Ficou duro? Quebra!

Mas nem entre nessa
É pior pra quem nega
Vem no toque da Nova Era

domingo, 25 de abril de 2010

Pirueta

É preciso ter compaixão
Oferecer a arte como opção

As pessoas estão perdidas
Não vêem que o amor é a saída

Consumir é seu refúgio
O shopping, seu abrigo seguro

Como mostrar o que de verdade importa?
Mostrando a fé em Quem tudo desentorta!

O ser humano é iluminado
Mas só a humildade nos põe lado a lado

Não adianta bater de frente
Se não der pirueta, a gente fica doente

Confie que o próximo encontrará seu caminho
E ofereça-se sempre como amigo

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Verdade

Resolvi tirar minha armadura
Desvencilhar-me de vez
Dessa fortaleza
Dessa prisão

Falsa proteção que inventei
Para afastar-me do perigo
Para deturpar a realidade
Essa máscara já não me serve

Agora vou correr mais livre e solta
Explorando o desconhecido
Com verdade e humildade
Com amor e com justiça

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Clareza

Pequenos pontos brilhantes
Iluminam minha mente

Da escuridão
Brota
Uma clareza

O desejo
É fogo perene
Sede insaciável
Flexa que se perde no infinito

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Intrigante

Tenho fome de você
Desejo ardente
Desse prazer inexplorado

Seu charme contagioso
Me envolve e inebria
Me entrego, enfeitiçada

Mas sou obrigada a parar
Reafirmar meu compromisso
De você me afastar

Triste, eu sofro
Submetida à razão
Sem poder com você ficar

domingo, 4 de abril de 2010

Quase

Na busca por ti
Chego a mim
Não porque me busco
Mas porque não te encontro

Foges de mim
Como cão assustado
Gato inseguro
Com medo de amar

Ligação descontínua
Teu magnetismo me atrai
Teu medo te trai

Quase é matéria inacabada
Desejo não realizado
Prazer insatisfeito

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Personas

Meu outro eu é astronauta
Nerd convicto
Cientista da nasa
Viajante abstrato

Meu outro eu é uma deusa celta
Rainha guerreira
Alquimista e protetora
Sedutora e enigmática

Meu outro eu é cineasta
Explorador aventureiro
Apaixonado pela vida
Comandado pelo sonho

Meu outro eu é uma esposa espartana
Submetida às intempéries
Condicionada a aceitar e produzir
Com moderação e precisão

Meu outro eu é um anjo
Puro e assexuado
Pulsando amor e humildade
Para o bem da humanidade

sexta-feira, 26 de março de 2010

Ronda

Gato pardo
Quantos anos tens?
Por que rondas meus sonhos
Com tanto desdém?

Sabes que não podes
Me seduzir assim
Se tua mãe descobre
O que será de mim?

quarta-feira, 24 de março de 2010

solto

não
por favor, não venha pronto
não seja o sonho
que eu sempre idealizei

venha,
mas, por favor, venha torto
venha solto
e não se deixe prender

sexta-feira, 19 de março de 2010

Atemporal

Palpita agora o meu peito
Busco entender da onde vem
Será uma memória repetida?
Ou o futuro que vem do além?

Quem amei
Quem desejo
Quem virá
Os sentimentos se confundem

O que foi
O que é
O que será
Os acontecimentos se fundem

Deste movimento surge o vazio
Tempo e espaço para a reflexão
Busco o novo, sem fugir do antigo
Mantenho o foco na renovação

terça-feira, 9 de março de 2010

Paralelo

Sonho, cresço
Nasço e morro
Anseio aprender
Com pressa, corro

Te vejo de longe
Caminhando, sempre
Experimentando a vida
Se nutrindo no ventre

Nosso destino desconheço
Seguimos vivendo lado a lado
Em caminhos iguais que não se cruzam
Um paralelo indecifrado

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

HAICAI

A vida me fez
Relaxo e me refaço
Almejo a nudez

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Dúvida

Aqui estou
Nesta encruzilhada outra vez
Enquanto o telefone não toca
Luto para não cair na estupidez

Te espero há tanto tempo
Até curtia a platonice
Mas agora já demos o start
E essa demora parece idiotice

Será que devo desencanar?
Ligar para aquele outro gato?
Tenho receio de errar
E o arrependimento virar um fardo

Pode ser só ansiedade
Ou estou fazendo papel de trouxa
Minha dúvida já está no limite
Vê se me liga e me poupa!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ó lá

Teu olhar
Que tanto me diz
Quanto desejo desperta

Quanto charme
Nesse intenso silêncio
Nessa poderosa espera

Nesse instante
Meu coração dispara
Minha razão já era

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Espelho

Há meses, te conheci
E, de cara, me interessei
Mas nossa timidez imperava
Em me aproximar, hesitei

Aos poucos, fui te estudando
Te comendo pelas beiradas
Boas coisas de ti ouvia
Enquanto teus signos analisava

Te descobri meu espelho
Um complementar astrológico
Ainda não sei o que isso implica
Te experimentar é obrigatório

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Arte

Pinto e bordo
Faceira e formosa
Esse amor que se mostra

Apresenta-se assim
Intrépido e inovador
Sem receios, nem pudor

Me engrandece e transforma
Atendendo aos meus pedidos
E ensinando o merecimento

De alegria, pulo
Nas surpresas, dou cambalhotas
Aprendo no dia-a-dia
Que a fé amadurece na maciota

domingo, 10 de janeiro de 2010

Luz de amor

Raiou
O novo brilho que esperava
Para iluminar minha jornada

Chegou
Como um sonho prenunciado
Um presente que me foi dado

O luar
Me pediu que me entregasse
Para que o novo eu beijasse

Temi
Aquilo que se apresentava
Podia não ser o que esperava

Cedi
Uma ligação cósmica se deu
Sentia como se não fosse eu

Gozei
O prazer foi inenarrável
Um amor eterno, admirável

Conflito
O merecimento é cobrado
Tudo na vida é aprendizado

Paz
Superei o medo
Com amor e perdão, venço

Esperança
Vislumbro uma grande felicidade
Confio na firmeza e na verdade

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Foguete

Sinto
tudo que se passou
um foguete que veio e voou

Sinto
pelo que aconteceu
a tristeza em meu peito ardeu

Sinto
palavras ao vento dispararam
nossos caminhos aqui se separam

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

história

o tempo passa
o vento sopra
e vira a página
da nossa história

agradeço agora
todas as graças
nossas risadas
esse presente

sinto saudade
do prazer conjunto
do frio na barriga
do gosto do amor

mas tenho alegria
percebo que a vida
traz novas mudas
no amanhecer

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Determinação

Na caminhada eu sigo
Não temo o perigo
O novo é meu amigo

Com amor e esperança
Mantenho a confiança
Nesta bem-vinda mudança

De concreto, não tenho nada
Mas só começou esta jornada
Agora foi dada a largada

Neste caminho, entro feliz
É o destino que me diz
Que sou uma eterna aprendiz

Dificuldades chegarão
Mas com paz no coração
Vencerei a solidão

O segredo, minha querida
É manter-se decidida
Mesmo quando chega a subida

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Virada

Pedi felicidade
E ela veio
Aceito o que a vida me traz
Sem receio

Cansei de sofrer
Não posso mais me lamentar
A vida continua
O jeito é recomeçar

Agradeço pela tua presença
Contigo cresci muito
Aprendi que posso amar
Sem entrar em curto-circuito

Te amo de verdade
Pois só desejo o teu bem
O inesperado nos espera
Estejamos abertos para o que vem

Como amiga, estarei ao teu lado
Em nome de tudo o que aconteceu
Mas nossa página está virada
Solteirice, aqui vou eu!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Cê-veja

Mal chegou e já se foi
O que podia esperar?
Só uma noite com você
Eu já podia imaginar

Você me disse muitas coisas
Que sentiu saudades e que me deseja
Quem sabe se tudo não foi
Só o efeito da cerveja?

Hoje te busco e não te encontro
Fico a ver navios
O que resta no meu peito
É esse imenso vazio

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Chegou

Chamou
Abri a porta
Entrou

Voltou
Na minha casa
Chegou

Medo
Para não brigar
Cedo

Invisto
Em ser feliz
Insisto

Prevejo
Amor sincero
Desejo

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Perdão

Mulher independente
Coração infantil
Sem pensar repito
Esse comportamento ardil

Dor de amor com outro não se cura
Onde estava com a cabeça?
Só me resta te pedir desculpa
Pelo que quer que aconteça

Ousei te ter, meu coração
Mesmo sem minha razão consultar
O que causei foi frustração
Como gostaria de te poupar

És um ser maravilhoso
Tens inteligência e sensibilidade
Rogo para que a Fortuna
Te traga amor e felicidade

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Vital

Você já chegou-chegando
Eu nem pude segurar
Sincero e transparente
Desejei experimentar

Curioso e questionador
Suas idéias me excitam
Meu plano de mudar o mundo
Suas palavras visitam

Elétrico e inspirado
Sua juventude é uma delícia
Exala vitalidade
Sempre cheio de malícia

Inseguro, mas autêntico
Uma figura sem igual
Sua companhia perfeita
Me faz sentir sensacional

Conhecer você foi um presente
Até previ, intuitiva
O difícil neste momento
É controlar a expectativa

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Fila

Bem que dizem que a fila anda
Pois numa fila o encontrei
Charmoso e engraçado
De cara me interessei

Trocamos algumas palavras
Seu embaraço era nítido
Me observava de canto de olho
Enquanto fingia ler seu livro

Ao chegar na bilheteria, notamos
Não veríamos o mesmo espetáculo
Ele lamentou a rapidez da fila
Mas não faríamos disso um obstáculo

Resolvi dar-lhe o meu número
Ele quis decorar, matemático
Mas encontrou uma caneta
Anotar seria mais prático

Combinamos de almoçar
O que será que me espera?
Quem é ele é um mistério
A curiosidade agora impera

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ciúme

Dói, rói, corrói o meu peito
Meu coração só amarga
Tu foste há um bom tempo
E este aperto não me larga

Outro alguém na tua vida chegou
E já te ama, naturalmente
De certo ela não sabe
Como é cruel a tua mente

Deveria estar feliz
Ao teu lado, não poderia ficar
Mas sofro e me angustio
Por ainda te desejar

domingo, 6 de dezembro de 2009

Frágil

De onde vem esse padrão?
De onde saiu você?
Por que fico nessa prisão?
Por que minha mente não vê?

Minha força não é a rigidez
Essa imagem só engana
Minha força está na nudez
Na fragilidade soberana

Busco em mim um novo ser
Com delicadeza e doçura
Praticando o amolecer
Vou encontrar a minha cura

sábado, 5 de dezembro de 2009

Mergulho

Voava, livre e feliz
Tranquila, nesse cenário
Que eu chamo de lar

Quando avistei um peixe reluzente
Charmoso e atraente
Nadando sozinho no mar

Desejei-o, mas me contive
Não seria prudente
Agir sem pensar

O peixe me percebeu
Pulou e rodopiou
Me pedindo para chegar

Mergulhei, enfim, de uma vez
E com ele me deliciei
Até pensei em lá ficar

Mas de súbito, realizei
Na água não posso respirar
Ali não é o meu lugar

Saí, então, atordoada
Com as penas todas molhadas
Me esforçando para voar

Assim que pude, numa pedra pousei
Percebendo como é arriscada
Essa ânsia de me aventurar

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Felicidade

Sim,
Eu posso ser feliz

Eu posso me desvincular
Desse padrão repetitivo
Desse ranço da reclamação

Eu posso me reinventar
Trilhar um novo caminho
Adotar uma nova percepção

Sim, eu aceito acreditar
Com a força de uma criança
Com a inocência de um leão

Assim,
Eu percebo que já sou feliz

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Vento

Hoje o vento me falou
que o gosto do tempo
é o gosto do que vem

Vou deixar você ir
Vou enfrentar o vazio

Desejo que os meus olhos não me traiam
Que minha razão não me engane
Que minha emoção não me arrebata

Desejo que o novo venha com alegria
Que me traga o desconhecido
Que me surpreenda os sentidos

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Reverbera

A tua presença
ardente
cheirosa
intensa
charmosa
encantadora
densa
tensa
perturbadora
desconcertante
agressiva
depressiva
angustiante
reverbera em minha alma

Praticamente

vou tomar um banho de luz
para tirar você dos meus olhos

vou me esfregar nas flores do jardim
para tirar você dos meus poros

vou beber toda água do rio
para tirar você da minha boca

vou me dissipar na ventania
para tirar você das minhas narinas

vou me esquecer na passarada
para tirar você dos meus ouvidos

mas só o tempo, de verdade,
vai tirar você do meu coração

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Chega

Solto o nó que aperta meu peito
Solto a corda que amarra esse sofrimento

Sai essa dor, para uma nova emoção entrar

Vou te abraçar e falar baixinho que chega
Chega de se chocar, de se enfrentar, de se pegar
Chega

Vem aqui, fica quietinho, deixa eu te fazer um cafuné
Vem pacificar seu coração, vem receber o meu carinho
Chega

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Se molhar

Me entregar é um poder
Posso fazer isso sem me machucar
Basta praticar o desapego
Exercitando mais me apaixonar

Preciso percorrer mais esse caminho
Reconhecendo a hora de ir e a de vir
Com a mesma força nos dois sentidos
Sem medo do vazio que sinto ao sair